AUTOR PLÍNIO MARCOS



Plínio Marcos, no ano de 1958, era palhaço - o palhaço Frajola - e trabalhava no Pavilhão Teatro Liberdade na cidade de Santos. Sua realidade era o circo: as brincadeiras, seu público, um lugar onde pudesse fazer o seu show  com dignidade.

Por esta época ainda não lhe tinha ocorrido escrever uma peça teatral, sequer sabia escrever direito. E também não estava atualizado com a linguagem teatral. Desconhecia o que se estava passando na dramaturgia nacional  e universal. Conhecia somente montagens com linguagem convencional, todas  apresentadas ali mesmo no Pavilhão.

Contudo o caso em Santos  de um garoto que foi preso por baderna de botequim e colocado junto com malandragem da pesada, penando  o bastante pra ficar picado de raiva e saindo de lá, se armar e ir matando todos os que o barbarizaram no xadrez, o comoveu de tal forma que ele resolveu escrever a história, embora suas limitações com o manuseio da língua. Escreveu em forma de peça de teatro e a denominou de Barrela, que significa violência sexual.

O texto provocou grande efervescência no cenário artístico e político. A violência social denunciada em Barrela, tanto pelo enredo como pela linguagem (seca, direta, telegráfica), provocou a ira da censura, o deleite dos artistas.

 Em 1959, depois de muita resistência da censura, a peça estreou no palco do Centro Português de Santos e foi  sucesso total de crítica e de público. Os jornais, a mídia de um modo geral, anunciavam o surgimento de um gênio.

Acusado de comunista pelos que o perseguiam -  afirmavam  que Barrela havia sido encomendada pelo Partido Comunista - Plínio Marcos escreveu outra peça como resposta, que não teve a mesma expressividade que Barrela e a imprensa o devorou vivo. Somente em 1966 é que Plínio volta a aparecer para mídia como autor e  é mais uma vez celebrado pelos artistas (Tônia Carreiro, Maria Della Costa, Fábio Sabag, Jonas Melo, Milton Gonçalves, entre outros), que  procuram cada vez mais os seus textos. Navalha na carne, Homens de papel, Quando as máquinas param lotavam os teatros brasileiros em 1967. Todos os textos com uma temática social muito forte, revelando a verdadeira realidade brasileira - a miséria, a fome, a marginalidade, a malandragem. 

Ainda no ano de 1967, Ginaldo de Souza,  Diretor do Teatro Jovem, do Rio de Janeiro,  formou um grande elenco e trabalhou na produção de mais uma montagem de  Barrela. Porém a peça foi vetada pela censura e desde então sucessivas tentativas foram esbarradas pelo autoritarismo da censura. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário